Houve um tempo que escrever e falar sobre assuntos que me incomodavam era simples e fácil. Eu acreditava em meus “assombros” e tinha a certeza da necessidade de falar sobre eles. Hoje isto se tornou mais complicado...não por ter mais dificuldade lingüística, mas simplesmente porque o assombro ficou rotineiro demais e tenho agora o temor de parecer “terrorista”, exagerada ou pior, ser vítima da pergunta:” O que isso tem a ver comigo? Por que você está preocupada com isto? “.
Sinceramente, não há nada pior do que perceber que o “incômodo” é só meu, e ao falar sobre ele, “ouvir como resposta o silêncio”, ou no máximo ver estampado no rosto do meu “suposto” interlocutor um sorriso amarelo!! Eu indignada com algum fato e “ele” indignado com minha indignação!
Reconheço que todos têm muita pressa. Não é possível viver tudo ao mesmo tempo, muito menos ficar “perdendo tempo” pensando. Por vezes, acredito que realmente deve ser muito ruim receber informações sobre coisas que não dizem respeito a interesses pessoais imediatos. É realmente muito melhor e mais fácil ir vivendo, trabalhar, dormir, se alimentar, e de vez em quando uma diversão, uma conversa fiada no bar, com amigos que principalmente não tenham nenhuma pergunta difícil a fazer, afinal o tempo passa, a vida é curta e pra que ficar preocupado com um monte de “bobagens” que não podem ser resolvidas?
E também de vez em quando é só falar mal de algum político, dar um palpite sobre a “crise mundial”, resolver (já completamente bêbado!!) o problema do desmatamento e pronto!! Cumpre-se assim o papel social.
Iracema Vasconcellos