segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Manual para evitar problemas

     Houve um tempo que escrever e falar sobre assuntos que me incomodavam era simples e fácil. Eu acreditava em meus “assombros” e tinha a certeza da necessidade de falar sobre eles. Hoje isto se tornou mais complicado...não por ter mais dificuldade lingüística, mas simplesmente porque o assombro ficou rotineiro demais e tenho agora o temor de parecer “terrorista”, exagerada ou pior, ser vítima da pergunta:” O que isso tem a ver comigo? Por que você está preocupada com isto? “.
     Sinceramente, não há nada pior do que perceber que o “incômodo” é só meu, e ao falar sobre ele, “ouvir como resposta o silêncio”, ou no máximo ver estampado no rosto do meu “suposto” interlocutor um sorriso amarelo!! Eu indignada com algum fato e “ele” indignado com minha indignação!
     Reconheço que todos têm muita pressa. Não é possível viver tudo ao mesmo tempo, muito menos ficar “perdendo tempo” pensando. Por vezes, acredito que realmente deve ser muito ruim receber informações sobre coisas que não dizem respeito a interesses pessoais imediatos. É realmente muito melhor e mais fácil ir vivendo, trabalhar, dormir, se alimentar, e de vez em quando uma diversão, uma conversa fiada no bar, com amigos que principalmente não tenham nenhuma pergunta difícil a fazer, afinal o tempo passa, a vida é curta e pra que ficar preocupado com um monte de “bobagens” que não podem ser resolvidas?
     E também de vez em quando é só falar mal de algum político, dar um palpite sobre a “crise mundial”, resolver (já completamente bêbado!!) o problema do desmatamento e pronto!! Cumpre-se assim o papel social.



Iracema Vasconcellos

5 comentários:

  1. É... seria bem mais fácil se os problemas que não nos tocam diretamente não nos tirasse o sono, e a grande maioria (que falando assim até parece homogênea)realmente continua dormindo tranquilamente enquanto los otros não dormem de frio, de fome... acredito que são esses os problemas dos quais você não gosta de falar, não só esses mas enfim...
    É extremamente angustiante pensar nisso porque vamos combinar, o que podemos fazer efetivamente? Mas sabe, acredito que falar sobre isso e reconhecer o problema é o primeiro passo, sempre sou taxada de idealista por acreditar na 'corrente do bem', mas penso que se diminuirmos a expectativa de mudarmos o mundo sozinhos e ajudarmos pessoas, pequenos grupos ou até mesmo um único indivíduo, podemos grandes proezas... agora não podemos deixar essa angústia nos abater e o pessimismo nos deixar paralizados frente a tudo.

    ResponderExcluir
  2. Sem dúvida, só o fato de nos incomodar já é muito válido, sabe por que? Porque quando somos "incomodados" não "seguimos a fila" e isto já é mudar.

    ResponderExcluir
  3. É verdade, sabe o que mais me intriga são essas pessoas que parecem não perceber essas coisas, que olham só pro próprio umbigo, não me parece possível não notar, porque está tão escancarado que somos praticamente obrigados a olhar e refletir... se bem que o capitalismo traz 'desculpas' cruéis quanto a isso: é pobre porque nao trabalha, não cresceu na vida porque é vagabundo...

    ResponderExcluir
  4. é....o tempo é cada vez mais escasso, a vida é cada vez menor.... e mesmo assim tem pessoas que preferem não pensar....assistem filmes e novelas para não pensar, e quando isso é necessário a televisão é desligada.... lêem livros de auto-ajuda e freqüentam psicólogos quando, em muitos momentos, só o que precisamos é parar pra pensar....tudo isso enquanto a maioria está, na verdade, cagando e andando...

    ResponderExcluir
  5. É....estou pensando.....heheh, valeu Guilherme!

    ResponderExcluir